Primeira turma de Promotoras Legais Populares se forma em Prudente

A formatura do curso de Promotoras Legais Populares (PLP) do Pontal do Paranapanema aconteceu no domingo de 1º de março. O evento foi formado por vários momentos especiais que emocionaram as participantes do curso e também os convidados. Em Prudente, a formação das PLPs aconteceu em 5 módulos durante os meses de maio e novembro de 2019 e foi fruto da parceria entre Defensoria Pública do Estado, Sintrapp, MST, Levante Popular de Juventude e também da União de Mulheres do Estado de São Paulo.
Dando início ao evento, a diretora Angela Rubini e a advogada Elisangela Viudes fizeram um histórico do projeto que teve início em 1995, na cidade de São Paulo. De acordo com a organização, O PLP é um conjunto de ações de sensibilização e formação de mulheres com noções de direito e cidadania com enfoque de gênero e de direitos humanos, sendo um dos objetivos o de promover o empoderamento das mulheres a partir da convivência e troca de experiências.

Na composição da mesa, a Drª Giovana Devito representou a Defensoria Pública. Ela frisou a importância do curso para “trazer conhecimento, compartilhar experiências e sabedorias entre mulheres e prover preparação para a luta por direitos”. Em sua fala, a defensora pública manifestou o desejo de que cada participante do curso seja uma replicadora do conhecimento adquirido e defensora dos direitos das mulheres.
Já Dulce Xavier, que representou a União de Mulheres do Estado de São Paulo e também a organização estadual do projeto das PLPs ressaltou “o quão indispensável é a tomada do conhecimento e também da organização das mulheres para o fortalecimento feminino frente as dificuldades que são impostas pelo modelo patriarcal e machista da sociedade”. Durante sua fala, Dulce trouxe uma mensagem de Amelinha Telles, que também é organizadora do PLP – uma das fundadoras do curso em São Paulo – e é conhecida por sua luta contra a ditadura. “É um momento único em que tomamos consciência do valor enorme que é conhecer, divulgar e aprofundar sobre direitos, cidadania, liberdade de expressão, direito à ampla defesa, à igualdade e à justiça” disse Amelinha em sua carta direcionada às mais novas PLPs. Ainda no texto, ela comenta que “as diferenças, que seriam o encanto da humanidade se fossem respeitadas, atualmente são usadas como práticas de humilhação, violência, rebaixamento salarial e desemprego” e conclui que as mulheres devem seguir juntas até que todas sejam livres.

Em sua fala na mesa, a presidenta do Sintrapp, Luciana Telles, lembrou da luta e da organização das mulheres no combate às violências. “Não podemos deixar que nossas mulheres sofram ou morram!”, e citou o lema do mês de março, escolhido pela CUT para a luta feminista: “Resistência tem nome de mulher”.
Depois da mesa, as representantes da turma, Cida Araújo, Aline Escarelli, Zilma da Silva e Fernanda Mateus fizeram uma fala especial em nome de todas as formandas da noite. “Esta noite, recebo o primeiro diploma da minha vida”, comentou Zilma, que é uma mulher do campo e não teve a oportunidade de terminar os estudos. “Tudo o que aprendi, foi a vida que me ensinou”, acrescentou.
Além disso, durante o evento, Querén-Hapuque e Benjamim – de 12 e 7 anos de idade -, filhos da formanda Lucy Lima, fizeram a apresentação de uma composição onde é citado cada artigo da Lei Maria da Penha. Também foram recitadas poesias de temas ligados à luta feminista contra o machismo, a opressão, a violência e a discriminação.

Entrevista com Dulce Xavier
Dulce, que coordena um curso de PLPs há 16 anos em São Bernardo do Campo, participou de alguns módulos do projeto do Pontal. Nas palavras da militante “o objetivo do projeto é “propiciar às mulheres uma reflexão sobre como se forma a desigualdade na sociedade, de onde vem a opressão e saber das lutas que trouxeram conquistas de direitos”, neste momento, citou a lei Maria da Penha como uma dessas conquistas e acrescentou que as mulheres precisam do conhecimento necessário para saber como acessar esses direitos.
Sobre a edição do curso no Pontal, Dulce destaca a grande diversidade que existe entre as participantes. “A experiência aqui foi inovadora no sentido de articular mulheres de diversos movimentos. É uma riqueza muito grande juntar mulheres do campo e da cidade, de diversas idades, sindicalistas, de movimentos sociais e mulheres trans”, avalia.
Dulce espera que as Promotoras Legais recém-formadas “se sintam fortalecidas individualmente para enfrentar as discriminações cotidianas e se colocarem nos espaços de lutas por direitos”. Ela também ressalta que não deve ser deixada de lado a articulação com outras mulheres e a valorização do coletivo e da diversidade. “Precisamos nos enxergar uma na outra e fortalecer a nossa luta coletiva para nos libertarmos como mulheres, conclui.
1 comentário até agora